quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"Pavane pour une infante défunte"

          Há dores que se amoldam tão perfeitamente a nossa psicosfera, por mais neguemos sua existência, que, por todos os nossos poros psíquicos agem como nosso "cartão de visita". Normalmente, são abafadas, ruminadas em silêncio na tentativa de destruí-las e, quanto mais as calcamos mais recalcadas ficam.
          Não sei se a forma materializar-se-ia, mas a angústia do "vir a ser" murchar ante as mãos impotentes e o pensamento confrangido é suficiente para fazer crer que sim - oh, látego cruento!
          O que pode o homem ante a sutileza das Leis que agem na mórula, na blástula e na gástrula consoante o campo "psicomagnético" que ali se forma, conduzindo e orientando o desenvolvimento?
          Fica a alegria triste do que poderia ter sido no amadurecimento da galvanização dos centros emocionais. Fica também a esperança de novo pequeno ser a buscar nossa fonte nutriz - do alimento físico ou do espiritual...
          Há aqui melancolia, reconheço. No entanto, é um ato terapêutico e expressa vontade firme de nova oportunidade, seja como for. Quando a flor é amada, não nos interessa em que vaso foi plantada.
          Saúdo, assim, a todos os rebentos, na figura daquela que ainda não veio.
                   

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