terça-feira, 20 de março de 2012

"Grito" - Humberto de Campos (A Salvador Rueda)

Ao sondar minha Dor, qual se chorara,
Pedi: -"Cristãos, vede meu mal traiçoeiro!"
Mas os homens sem fé, no mundo inteiro,
Ver não quiseram minha sorte amara.

Cheio de nojo, procurei uma ara,
E implorei: -"Homens d'honra, a mim, primeiro!"
E, de tanto fingido cavaleiro,
Nenhum, para me ouvir, volveu a cara.

-"Filantropos, - clamei - predicadores,
Moralistas, filósofos, doutores,
Consolai o meu íntimo desgosto!"

Não se ouviu meu gemido suplicante...
Gritei: -"Canalhas!" e, no mesmo instante,
Todo mundo me olhou, voltando o rosto!



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